Violência contra crianças: uma realidade assustadora

“A agressividade não modulada, em especial, na situação de quarentena, tende a aumentar”, diz a psicóloga Tina Zampieri.

Tem causado impacto na sociedade mundial, o crescente número de notícias de violência contra crianças das mais variadas idades, nos últimos dias, em meio a pandemia do coronavírus. Apesar de chocar muito, a cada vez que vemos uma notícia desta, ela não para ali. Infelizmente, no outro dia, se repete com uma pessoa diferente em um outro lugar, em geral, com as mesmas semelhanças. Um adulto agredindo uma criança.

Ter agressividade não é ruim. Pelo contrário, ela é intrínseca ao ser humano. Trata-se de uma qualidade natural, humana ou animal, que tem a função de defesa diante dos perigos enfrentados e dos ataques recebidos. Porém, o controle, ou a modulação, depende de cada um. Evidente, que não podemos viver como bárbaros, em pleno. Porém, não é o que temos visto.

A cada dia, que passa mais e mais pessoas sem autocontrole, descarregam suas frustrações, raiva, e ressentimentos, em outros seres incapazes de se defender contra o uso excessivo da força. E a culpa disso, talvez seja a forma como se supervaloriza a necessidade de sermos fortes.

Ser forte não implica usar a força. Mas há quem confunda isto e, seja por ignorar, ou não aceitar ajuda para aprender a modular a sua agressividade, situações em que um adulto, qualquer destina sua agressividade contra uma criança indefesa, é algo quase rotineiro no Brasil, hoje.

Não raras vezes, ações como estas se tornam manchetes, diariamente, expostas em veículos de comunicação. Com relatos tristes e trágicos que terminam sempre incluindo a morte de um e a falta de controle do outro. Às vezes, os atos são praticados com requintes de crueldade que não se pode crer que foi um ser humano que o praticou.

Segundo o Atlas das Emoções (Atlas of Emotions), a raiva pode ser considerada uma emoção universal. Na prática, é esse sentimento que costuma ser demonstrado, quando alguma coisa nos impede de agir ou quando sentimos que estamos sendo tratados injustamente. Os sinais deixados pela raiva formam um amplo espectro, que inclui desde irritação e frustração a sentimento de vingança e fúria.

Para Tina Zampieri, psicóloga e profa. dra. em Ciências da Saúde, do Ciclo de Mutação, infelizmente, a agressividade não modulada, em especial, na situação de quarentena, tende a aumentar os casos de violência infantil. Isso porque o extravasamento desta agressividade, não está sendo dispersada em pequenas doses, em outras atividades, ou grupos sociais.

O fato de a pessoa não extravasar seus excessos, no dia a dia, seja numa academia, numa rotina mais acelerada, em ambientes alheios ao familiar, faz com que destine aos mais próximos, seus arroubos, onde ela está passando mais tempo. Ou seja, neste atual momento, em geral, junto à família.

E a psicóloga observa, que não por acaso, é no ambiente em que ela aprendeu a ser agressiva, e nem sempre, a modular adequadamente sua raiva. Tina reforça ainda, a necessidade de a pessoa assumir a responsabilidade por aquilo que apresenta de inadequado em sua saúde emocional e buscar um tratamento.

Do contrário, a tendência é que isto se perpetue por outras gerações. Uma vez que, se uma criança é alvo de violência, e não recebe um tratamento adequado para lidar, seja com sua própria fragilidade, ou raiva, por ter sido agredida, por exemplo, a tendência é se tornar, no futuro, alguém que também irá praticar a violência em maior ou menor grau.

Fonte: https://www.abcdoabc.com.br

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